O primeiro e mais antigo blog português sobre Metal Gear e Metal Gear Solid

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quarta-feira, janeiro 15, 2014

7:49 da tarde | Publicado em por Unknown | Sem somentários
Muito se tem debatido sobre o facto de "Quiet", uma das novas personagens de Metal Gear Solid V, ter um design muito..."especial". Desde pessoas que nunca jogaram algum jogo na sua vida até aos fãs mais pervertidos, a verdade é que o seu design tem estado "nas bocas do mundo", nem sempre pelas melhores razões.
Recentemente, foi também referido que o jogo irá conter uma cena de violação, apenas em formato de áudio, o que fez ainda mais furor em certos grupos de jogadores, ou simplesmente utilizadores assíduos de Internet. A verdade, é que existe taboos, apesar de o mercado de videojogos ser visto como muito moderno e ter "uma mente bastante aberta".
Esboços de "Quiet"
O design da personagem "Quiet", tem muito que se lhe diga, mas sendo bastante sincero, ainda não sabemos a história, os factos da personagem ser como é, agir como age, vestir-se como se veste.
Sempre foi sabido, ou melhor deduzido, que Kojima gosta de personagens femininas e a sua interacção na história e/ou com a personagem principal. Desde o primeiro título Metal Gear, lançado em 1987, que a personagem principal é acompanhada por uma personagem feminina, seja através do codec ou ao seu lado no campo de batalha. As primeiras iterações de Metal Gear, Metal Gear e Metal Gear 2: Solid Snake respectivamente, não tinham muito espaço para liberdades. Então, Kojima decidiu que as personagens deveriam ter um design simples.
O 3D ganha uma nova forma e essa liberdade torna-se numa realidade bastante possível, então o design das personagens torna-se mais pessoal e único, planeando-se assim Metal Gear Solid. Desde os rabiscos mais básicos aos desenhos mais complexos, é possível ver que as personagens de MGS não têm um design exuberante, mas ainda assim conseguem ter algum elemento de sensualidade, sem ser reles.
Voltando ao presente, podemos ver que sensualidade é uma característica sempre presente em qualquer Metal Gear, sendo o exemplo da "The Boss", também conhecida como "The Joy", provavelmente o melhor exemplo de um design com o balanço certo entre sensualidade e "durona".
O design da personagem apresenta maturidade, alguém que é convicta e lutadora, seja fisicamente ou politicamente, a verdadeira antítese de princesa ou "dama em perigo" a que a nossa sociedade se habituou. Uma mãe que teve as piores situações e traumas que qualquer pessoa pode sofrer no campo de batalha, uma mãe que pariu o seu filho no campo de batalha, para o ver ser-lhe retirado, ter morto uma das pessoas que lhe era mais querida para salvar o seu filho, servindo o seu país com a máxima fidelidade possível, mesmo que a sua intenção não tenha sido entendida por muitos. Ainda assim, consegue ser uma presença forte, como mulher e como pessoa, não deixando de ser sensual e carismática.
Por outro lado temos outra personagem, que o seu objectivo é ser sensual e atrair a personagem principal para os seus planos. "EVA" é também uma personagem forte e carismática, como se pôde ver em Metal Gear Solid 4, mas essa não é a intenção do criador, nem da própria personagem. Esta personagem existe para refutar o próprio conceito de Eva na bíblia, em que esta é atraída pela cobra para consumir o fruto proibido, sendo que na verdade acontece precisamente o contrário em Metal Gear Solid 3: Snake Eater.

Então, como ficamos em relação à "Quiet"? Na verdade, não devemos ter nenhuma opinião, para além daquilo que sabemos, que é muito pouco. Podemos opinar sobre o seu design, que é bastante especifico e único, mas nada sabemos sobre o seu passado e as suas intenções, logo fazemos o que é mais comum ao ser humano, argumentum ad ignorantiam(ou em Português, argumento da ignorância), onde argumentamos o que quer que seja sem sabermos todos os factos, tornando-se numa falácia lógica.
Existe também o argumento que se o design fosse feito para a personagem principal, Kojima já não o faria, mas o passado da saga contraria tal argumento, visto que ambos Big Boss e Kazuhira Miller têm vários episódios juntos em que ambos estão em trajes menores, ou completamente sem nada.
No final, o que podemos argumentar é que "Quiet" tem um aspecto muito diferente, mesmo considerando a série como ponto de referência, mas conhecendo Hideo Kojima, depois destes 25 anos de Metal Gear, o que devemos mesmo fazer é esperar que o produto seja lançado e então opinar aquando do mesmo.

Em termos da cena de violação, é cada vez mais comum aparecer este tipo de situação em todo o tipo de média, seja livros, filmes, videojogos, arte, etc, mas é também uma realidade cada vez mais reconhecida na nossa sociedade. As violações sempre existiram, só que não havia a informação, o apoio ou a força que há hoje em dia, daí, cada vez mais, serem relatados casos de violação e serem julgados os membros destas actividades.

Não posso falar pelo Lords Of Shadow 2(nem pelo MGSV, note-se), mas Kojima sempre escreveu sobre temas realmente adultos, seja as crianças soldado da LRA em Uganda, passando por tortura, conspiração e manipulação genética, seja a evolução da nossa cultura social e mental, Metal Gear sempre teve um ponto de referência em todos os seus títulos: a própria realidade. Sim, o jogo é ficção e contém ainda elementos fantásticos, para manter o jogador "agarrado" à história, mas nunca esqueçamos de onde provém a inspiração de toda esta saga, a nossa própria evolução, seja pelo melhor ou pelo pior.
Mas quem sabe se o objectivo de Hideo Kojima não era todo este debate acesso...

Este artigo estava sendo escrito com mais tempo e ponderação, mas dado os mais recentes acontecimentos, achei por bem publicá-lo hoje, dia 15 de Janeiro de 2014.

█ F.S.


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